Terrorismo impõe recolher obrigatório informal em Mueda, Cabo Delgado
A vila de Mueda, no norte da província de Cabo Delgado, vive sob um recolher obrigatório não oficial, imposto pela insegurança resultante de ameaças terroristas. Embora a localidade nunca tenha sido alvo direto de ataques, o medo generalizado alterou drasticamente a rotina dos residentes, sobretudo durante a noite.
Durante o dia, Mueda aparenta normalidade, mas ao cair da noite a vila transforma-se. Por razões de segurança, estabelecimentos encerram cedo, as ruas ficam desertas e a circulação de pessoas é fortemente condicionada. A Força Local reforça a vigilância em diversos pontos, bloqueando acessos e controlando o movimento da população.
“Em Mueda não se pode circular livremente. Se a Força Local te encontra na rua, és tratado como culpado”, contou Fernando Marapaz, um dos moradores. Outra residente relatou casos de agressão física a quem não apresenta documento de identificação durante as rondas noturnas.
Apesar de reconhecerem a importância de medidas preventivas contra possíveis ataques, muitos habitantes apelam ao fim do recolher obrigatório informal, defendendo maior liberdade de circulação. “A partir das 18 horas já não se veem motorizadas na estrada. Acho que a vida devia continuar normalmente, com espaço para festas e diversão”, reclamou Plácido Vajinga.
Contactadas pelo jornal “O País”, as autoridades locais não prestaram esclarecimentos sobre o endurecimento das restrições em Mueda. A vila, atualmente considerada o centro estratégico do Teatro Operacional Norte, permanece sem registo de ataques, mas a tensão crescente tem transformado o quotidiano da população. Leia mais
