Violência entre gangues escolares cresce na cidade e província de Maputo

Violência entre gangues escolares cresce na cidade e província de Maputo

A violência envolvendo adolescentes organizados em grupos ou gangues tem-se intensificado nas escolas secundárias da cidade e província de Maputo, gerando preocupação entre pais, estudantes e autoridades. O fenómeno, que já resultou em mortes e inúmeros feridos, está a transformar o ambiente escolar num espaço marcado pelo medo e insegurança.

Na semana passada, dois estudantes foram esfaqueados durante um confronto entre grupos rivais nas imediações da Escola Básica de Matola Gare. Um deles perdeu a vida, enquanto o outro permanece fora de perigo. O caso reacendeu o debate sobre a segurança nas instituições de ensino, com muitos a exigirem medidas mais rigorosas para conter a onda de violência.

Em visita a algumas escolas, a nossa redação ouviu relatos de estudantes que descrevem uma rotina de tensão, especialmente às sextas-feiras, quando ocorrem brigas marcadas previamente entre grupos organizados. Shelton João, aluno de uma escola na cidade de Maputo, explica que muitos jovens consomem bebidas alcoólicas fora das escolas e depois regressam para iniciar confrontos. “Alguns vêm armados, outros lutam com as mãos. Há pessoas que nem são estudantes, mas juntam-se aos grupos para participar nas lutas”, contou.

Segundo os alunos, os confrontos não se limitam ao interior das escolas. A violência estende-se aos bairros, como Malhazine, Estrela Vermelha, Zona Verde, Machava-Socimol, entre outros. Casos de assaltos, agressões em plena luz do dia e intimidação de colegas e professores são cada vez mais frequentes.

“Acontece diante de todos, mas ninguém ajuda, por medo de sofrer represálias no dia seguinte”, afirmou Keny Mussumbi. Outro estudante relatou que os professores, muitas vezes, evitam confrontar os alunos por receio de serem atacados fora da escola, como acontece na Escola Secundária da Machava-Sede.

Encarregados de educação acusam a ausência de patrulhamento policial de facilitar a atuação desses grupos. “A polícia quase nunca aparece, nem às sextas-feiras. Quando patrulham e apanham estudantes com facas ou bebidas alcoólicas, às vezes os agentes preferem extorquir os alunos em vez de os levar para a esquadra”, denunciou uma encarregada que preferiu o anonimato.

O sociólogo José Bambo alerta que o ambiente escolar se tornou altamente inseguro e defende a presença constante da polícia nas escolas como forma de inibir a criminalidade. Já a Ministra da Educação reconhece a gravidade da situação e promete adotar medidas mais rigorosas para conter o problema.

Enquanto isso, milhares de estudantes continuam expostos à violência diariamente, num cenário que compromete o direito à educação e ao bem-estar nas instituições de ensino moçambicanas. LEIA MAIS 


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