Intervenção Policial na Sede da RENAMO é Classificada como “Humilhação Final” por Venâncio Mondlane
O político moçambicano Venâncio Mondlane classificou como “a humilhação final” a recente operação da polícia na sede nacional da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). A intervenção, levada a cabo pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR), ocorreu na quarta-feira (29) e resultou na retirada forçada de ex-guerrilheiros que ocupavam o edifício desde 15 de maio em protesto contra a liderança de Ossufo Momade.
Em reação nas redes sociais, diretamente da Noruega onde participa do Oslo Freedom Forum, Mondlane criticou duramente a atuação das autoridades, que recorreram a gás lacrimogéneo e disparos para dispersar os manifestantes, deixando pelo menos uma pessoa ferida. Para o ex-candidato à liderança do partido, a ação policial representa um ataque simbólico à memória de Afonso Dhlakama, histórico líder da RENAMO.
“É a maior vergonha. Permitir que a UIR pisasse e humilhasse o legado de Dhlakama é o cúmulo. Esta foi a derradeira humilhação contra uma força histórica da democracia em Moçambique”, escreveu Mondlane.
Apesar das divisões internas do partido, o político sublinhou que a intervenção da UIR – que qualificou como símbolo da opressão no país – não se justifica, especialmente quando dirigida a antigos combatentes da RENAMO, que, segundo ele, contribuíram para importantes mudanças constitucionais no país durante a década de 1990.
Mondlane, que foi impedido de disputar a liderança da RENAMO no congresso realizado em maio deste ano por não cumprir o requisito de 15 anos de militância ativa, voltou a criticar a direção do partido. Ele questionou se os dirigentes que teriam autorizado a intervenção policial ainda se consideram legítimos para liderar a organização.
A atuação das autoridades também trouxe à tona memórias dos protestos que se seguiram às eleições gerais de outubro de 2024, cujo resultado Mondlane continua sem reconhecer. Na ocasião, manifestações organizadas pela oposição deixaram cerca de 400 mortos, segundo dados não oficiais.
Ex-membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Mondlane aderiu à RENAMO antes das eleições municipais de 2023, nas quais disputou a presidência do Município de Maputo. Apesar da proclamação da vitória pela Frelimo, ele afirmou ter vencido e liderou protestos por mais de 45 dias na capital.
“Os verdadeiros líderes deviam ter coragem de se apresentar agora, para resgatar o espírito da RENAMO e restaurar a sua dignidade”, afirmou Mondlane, acusando os atuais dirigentes de silêncio e omissão diante da crise no partido. LEIA MAIS
